Fessora Geração Z
"Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina." (Cora Coralina)

Será que há algo de podre no reino da Educação?





Ontem eu fui tomar conta de provas na escola. Confesso que esse é um dos piores trabalhos de professor, ao menos para mim. Fico exercendo uma função que não me agrada, policiando, vigiando, sei lá... não gosto!

Acho que cada um de nós deveria ter a exata consciência que, mais importante que receber uma boa nota, seria receber uma avaliação justa e merecida, obtida de forma proporcional ao nosso esforço, dedicação, responsabilidade e comprometimento.

Se estou, teoricamente, preparando meu aluno para a vida, por que tomar a prova e dar zero quando o aluno é flagrado com um papelzinho onde estão escritas fórmulas ou um texto qualquer contendo o conteúdo teórico da prova? No mundo real, se um profissional fizer uma consulta a um livro, ou mesmo a um colega, ele deve ser penalizado por isso? Imagine um médico que não consegue identificar de imediato a doença de seu paciente. Ele deve medicá-lo de qualquer maneira porque não pode fazer uma consulta a outros médicos? Deve um advogado perder sua carteirinha da OAB se for dar uma olhada no Código Penal que ele não sabe de cor?

Bem, mas meu assunto de hoje não é a “cola”, e sim o sistema de avaliações como um todo. Quando entrei na sala me surpreendi com a quantidade de alunos presentes. Tratava-se de uma prova final e todos que ali estavam não tinham obtido média 6,0 ao longo de três períodos letivos. E era muita gente...
Fui checar a lista de presenças e notei que mais da metade dos alunos da turma tinha ficado em prova final. Eram alunos do último ano, ou seja, aquela nota decidiria a finalização – ou não – de toda a vida escolar dos caras.

Não querendo ser antiética, mas talvez já o sendo, dei uma olhada nas questões da prova. “Calcule”; “Determine”; “Efetue”; “Calcule” outra vez. Não havia uma só questão contextualizada, posicionada no mundo real, uma única aplicação prática do conteúdo.
Meu saudoso Mestre, e brilhante matemático, José Carlos de Mello e Souza, dizia há vinte anos: “Se numa turma houver muitos ‘zeros’ ou muitos ‘dez’, há também alguma coisa podre no reino da educação.”. Será que o fato de mais da metade da turma chegar ao fim do ano sem média não mereceria um “mea culpa” do colega professor? Não estou acusando ninguém de falta de dedicação ou seriedade. Conheço o professor da turma (na verdade, trata-se de uma professora) e sei o quanto é responsável. O que acredito ser necessário é um momento de reflexão a respeito dos rumos da educação e da avaliação no Século XXI.


Não podemos tratar nossos alunos em 2009 da mesma forma que nos tratavam nossos professores em 1969. Àquela época, o máximo da sofisticação em pesquisa escolar era a Enciclopédia Barsa com aqueles volumes pesados e capa dura vermelha de letras douradas. Hoje, a pesquisa escolar é feita em http://www....






Volto a falar sobre o assunto mais tarde, porque esse post já está ficando longo demais e a Geração Z não curte leituras muito extensas :-))


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